quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Um modelo de escola às escuras. Triste realidade da educação no Cabo de Santo Agostinho

Por Silvio Anderson
Professor

Fui à escola “modelo” de Nova Era Reginaldo Loreto, no distrito de Ponte dos Carvalhos, em pleno dia de seu aniversário (11.12) e constatei o corte no fornecimento de energia, que já dura cerca de 13 dias.

De acordo com a direção, a Secretaria de Educação do Cabo de Santo Agostinho disse que está resolvendo, mas enquanto isso as crianças estão largando cedo.
Pela manhã, às 10h, e à tarde, a partir das 15h30, inclusive alguns alunos já foram liberados e terminaram o ano letivo antes dos outros.
Segundo algumas mães, com quem conversei, com certeza, os 200 dias letivos garantidos pela LDB (Lei de Diretrizes de Base), não foram cumpridos, numa escola, que segundo a placa jogada no canto da rua, custou mais de R$ 11 milhões.
Durante à noite, o cenário é escuridão completa. Essa é a triste realidade da educação no Cabo de Santo Agostinho.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Conversando com uma criança...

Quando tiver a feliz oportunidade de conversar com uma criança, encoraje-a para um futuro bonito, tão belo quanto o que ela quiser ser quando crescer...

Não devemos cometer, em hipótese alguma, o equívoco de pensar que algum de seus sonhos é demasiado pretensioso!
As crianças têm uma capacidade de desenvolvimento muitíssimo maior do que nós, pois ainda não foram ensinadas a temer o pensamento alheio, a idolatrar as aparências, viver de supérfluos,  e a usar as máscaras que, diariamente, nós usamos.

Quando tiver a feliz oportunidade de conversar com uma criança, preste atenção no brilho de seus olhos, e perceba como o mundo hostil e nefasto que criamos o ofusco com o passar dos anos... Encoraje-as a manter esse brilhos nos olhos, pois é a luz que precisamos para termos uma sociedade melhor e um porvir menos triste.

Quando tiver a infeliz oportunidade de ver uma criança em risco, mova-se! Não há nada mais desprezível do que nossas indiferenças.

Cristo certa vez disse que "ninguém conseguiria subir aos Céus se não se fizesse tal qual uma criança". 
O homem que abalou as estruturas políticas do Império Romano, arrastou multidões, quebrou tabus e desfez "velhas verdades absolutas", exalta a criança como o ser mais importante do Reino dos Céus...

Quando tiver a feliz oportunidade de conversar com uma criança, prepare-se para APRENDER muito, e, por favor, ponha em prática tudo o que aprender!

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Quem tem olhos pra ver o tempo Soprando

Por Viviane Mosé

Quem tem olhos pra ver o tempo
Soprando sulcos na pele
Soprando sulcos na pele
Soprando sulcos?
O tempo andou riscando meu rosto
Com uma navalha fina
Sem raiva nem rancor.
O tempo riscou meu rosto com calma
Eu parei de lutar contra o tempo
ando exercendo instantes
acho que ganhei presença).
Acho que a vida anda passando a mão em mim.
A vida anda passando a mão em mim.
Acho que a vida anda passando.
A vida anda passando.
Acho que a vida anda.
A vida anda em mim.
Acho que há vida em mim.
A vida em mim anda passando.
Acho que a vida anda passando a mão em mim.
E por falar em sexo
Quem anda me comendo é o tempo
Na verdade faz tempo
Mas eu escondia
Porque ele me pegava à força
E por trás.
Um dia resolvi encará-lo de frente
E disse: Tempo,
Se você tem que me comer
Que seja com o meu consentimento
E me olhando nos olhos
Acho que ganhei o tempo
De lá pra cá
Ele tem sido bom comigo
Dizem que ando até remoçando.

domingo, 10 de novembro de 2013

As vaias foram para Vado da Farmácia ou para Lula Cabral?

Por Alcides Santos Filho*


No último dia 31 de outubro, no culto de louvor e adoração em comemoração ao Dia Municipal da Reforma Protestante e Ação de Graças, na inacabada Praça 9 de julho, na pista lateral da PE 60, cerca de 50 mil pessoas, segundo informações do site da Prefeitura, aplicaram uma sonora vaia no Prefeito Vado da Farmácia (PSB).



A vaia ou apupo é um ato público de demonstrar desaprovação a alguém ou a alguma coisa. Em casos de extrema desaprovação pode ser acompanhada de objetos arremessados no palanque, como ovos e tomates. É provável que as vaias tenham surgido na Grécia Antiga, em que as execuções eram recepcionadas com aplausos ou com vaias, dependendo do gosto do espectador. 

No Cabo de Santo Agostinho, depois dos apupos, veio o show do cantor, compositor e pastor evangélico Thalles Roberto, que a um custo de R$ 83 mil reais pagos pela Prefeitura, cantou as suas principais canções, como Casa do Pai, Deus do Impossível e Deus da Minha Vida, entre outros hits.

Na verdade, as vaias somente foram cessadas pela intervenção de um dos integrantes do Conselho de Pastores, organização responsável pelo evento com o apoio da Prefeitura, alertando que era um evento evangélico de exaltação ao Senhor e não um evento para se dar vaias em quem quer que seja e, muito menos em uma autoridade. Já o Prefeito, em seu discurso, preferiu avisar que as vaias vinham de intrusos no meio do povo, mas não conseguiu identificar quem eram esses 50.000 intrusos que lhe apuparam.

Para o público em geral, ficou uma dúvida: prá quem foram as vaias?

Seriam para o Prefeito Vado da Farmácia que utilizou o evento para mostrar alguns ônibus escolares e algumas ambulâncias adquiridas pela Prefeitura?

Seriam, ainda, para o Prefeito Vado da Farmácia por estar acompanhado pelo Deputado Federal Eduardo da Fonte e pelo Deputado Estadual Everaldo Cabral?

Seriam por conta do abandono da cidade ou pelo abandono das obras como a própria Praça 9 de Julho, das Praças da Vila Social ou das obras do canteiro da Avenida Getúlio Vargas?

Seriam pelo abandono do Distrito de Ponte dos Carvalhos, que passou quase cinco meses ilhado por conta do buraco na antiga BR 101 – Sul?

Seriam pelo caos na saúde com o iminente fechamento do Hospital Infantil e a precariedade do Hospital Mendo Sampaio?

Seriam pelo trânsito caótico da cidade, onde as viaturas apresentadas pelo Prefeito no evento não terão nem onde estacionar?

Seriam pelo abandono do Mercadão que as gestões de Lula Cabral e Vado da Farmácia transformaram num centro de distribuição de drogas e prostituição?

Seriam pelos R$ 97 milhões deixados por Lula Cabral em “Restos a Pagar”, conforme denúncia feita pelo próprio Prefeito Vado da Farmácia, numa rádio da capital e que está sendo investigado pelo Ministério Público de Pernambuco?

Seriam pela não realização do Festival da Juventude, sob a alegação ridícula de “crise internacional” divulgada numa Nota Oficial da própria Prefeitura?

Seriam para o ex-prefeito Lula Cabral, que circulava no evento acompanhado de alguns ex-secretários da Prefeitura e foi o principal responsável pela eleição de Vado da Farmácia?

Ou, na verdade, seriam para os dois: Lula Cabral e Vado da Farmácia? O que você acha?

Fiquem todos e todas em paz.


*O Ponto de Vista na Rede agradece a colaboração do Sr. Alcides Santos Filho, cidadão cabense que participa ativamente em diversos grupos e fóruns de debates em redes sociais, expondo pontos de vistas sobre assuntos diversos, em especial sobre a política local.

sábado, 9 de novembro de 2013

Vicente Belo de Carvalho

Daqui de cima o vejo titubeando de um lado para o outro...
Seu Vicente Belo de Carvalho desce a ladeira da Rua Renato Paulo de Sena sem rumo certo.
Em plenas 2h40 da madrugada, ele assume o papel do que chamamos de "andarilho".
Ele não se tornou homem importante na vida.
Mas o que esperar de um homem cuja "pretura" é ofuscante?
Seu Vicente não se tornou vereador, empresário, motorista, intelectual ou motoboy.
Era pedreiro, mas não continuou pedreiro.
Algo em vida era pesado demais, e ele não conseguia levar o fardo sozinho...
Seu Vicente desce a Rua Renato Paulo de Sena sem rumo.
Ele anda tão louco que deu para falar sozinho...
Seu Vicente se tornou um ser invisível, a pesar de ser tão preto e mal vestido.

sábado, 19 de outubro de 2013

O Mito da Caverna (por Platão)

O mito ou “Alegoria” da caverna é uma das passagens mais clássicas da história da Filosofia, sendo parte constituinte do livro VI de “A República” onde Platão discute sobre teoria do conhecimento, linguagem e educação na formação do Estado ideal.

Veja o vídeo abaixo e pesquise mais sobre o assunto! 
Que nos livremos de nossas correntes e nos libertemos de nossas cavernas!



sábado, 12 de outubro de 2013

Momento Filosófico: Professor Clóvis de Barros Filho


"O valor social do discurso não está no que é dito, mas na posição social ocupada por quem fala. É por isso que alguns podem falar qualquer coisa, enquanto outros, - os despossuídos das condições sociais adequadas para serem ouvidos -, participam do grande "contrato social" como meros espectadores."

Conheci hoje, através de uma newsletter de um site de "gestão", o professor "Clóvis Barros Filho", que encantou a platéia do Programa do Jô ao falar, com muita propriedade, do sentimento de felicidade que é descobrir aquilo que nos faz felizes e realizados, e de como há momentos na vida em que desejamos que o tempo "pare", e que esse momento dure para sempre!

Sugiro a todos assistir essa entrevista e ler mais sobre as obras do professor Clóvis. A frase acima é fragmento da palestra palestra que o professor Clóvis ministrou no Café Filosófico, intitulada de "Moral e estilo de vida na crise da contemporaneidade".

Segue entrevista do professor no Programa do Jô:

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Nós SOMOS o futuro!

Nós somos o futuro dessa cidade! 
Somos o futuro de nosso estado, de nosso país e de nosso planeta.
Somos os futuros pensadores, políticos, empresários, críticos, artistas, peritos, produtores,
formadores de opinião, professores, líderes religiosos, força policial, experts em TI, agricultores, embaixadores, embardores, hackers, fazendeiros, jornalistas, mobilizadores, comunicadores... Somos essenciais para os processos de renovação e melhoria por uma sociedade mais justa, sustentável
e igualitária. Ou você duvida disso? Quem sabe a TV duvida disso. Então, que sejamos o futuro da TV!
Você já parou para pensar sobre isso? Onde estará você nesse futuro? Quem será você nesse futuro?
Precisamos renovar nossas piadas, nossos governos, relacionamentos, comportamentos, pensamentos.
Precisamos quebrar tabus, romper com o status quo, e deixar a nossa marca na história da humanidade.
Como bem disse o poeta: "ACORDA! LEVANTA! REAGE!"


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Provocações


A primeira provocação ele aguentou calado. Na verdade, gritou e esperneou. Mas todos os bebês fazem assim, mesmo os que nascem em maternidade, ajudados por especialistas. E não como ele, numa toca, aparado só pelo chão.

A segunda provocação foi a alimentação que lhe deram, depois do leite da mãe. Uma porcaria. Não reclamou porque não era disso.

Outra provocação foi perder a metade dos seus dez irmãos, por doença e falta de atendimento. Não gostou nada daquilo. Mas ficou firme. Era de boa paz.

Foram lhe provocando por toda a vida.

Não pode ir a escola porque tinha que ajudar na roça. Tudo bem, gostava da roça. Mas aí lhe tiraram a roça.

Na cidade, para aonde teve que ir com a família, era provocação de tudo que era lado. Resistiu a todas. Morar em barraco. Depois perder o barraco, que estava onde não podia estar. Ir para um barraco pior. Ficou firme.

Queria um emprego, só conseguiu um subemprego. Queria casar, conseguiu uma submulher. Tiveram subfilhos. Subnutridos. Para conseguir ajuda, só entrando em fila. E a ajuda não ajudava.

Estavam lhe provocando.
Gostava da roça. O negócio dele era a roça. Queria voltar pra roça.
Ouvira falar de uma tal reforma agrária. Não sabia bem o que era. Parece que a ideia era lhe dar uma terrinha. Se não era outra provocação, era uma boa.
Terra era o que não faltava.
Passou anos ouvindo falar em reforma agrária. Em voltar à terra. Em ter a terra que nunca tivera. Amanhã. No próximo ano. No próximo governo. Concluiu que era provocação. Mais uma.
Finalmente ouviu dizer que desta vez a reforma agrária vinha mesmo. Para valer. Garantida. Se animou. Se mobilizou. Pegou a enxada e foi brigar pelo que pudesse conseguir. Estava disposto a aceitar qualquer coisa. Só não estava mais disposto a aceitar provocação.
Aí ouviu que a reforma agrária não era bem assim. Talvez amanhã. Talvez no próximo ano... Então protestou.

Na décima milésima provocação, reagiu. E ouviu espantado, as pessoas dizerem, horrorizadas com ele:

- Violência, não! 


Luis Fernando Veríssimo

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Palavras

Palavras...
Há tantas palavras ainda engasgadas.
Oh, palavras!
Tudo vira palavra, ou palavrão.
As palavras dão significado ao mundo.
Vivemos no Planeta Palavra.
O que comemos e o que bebemos também são palavras.
Nossas partidas e chegadas só são possíveis pelas palavras.
Seriam, então, as palavras essenciais?
Talvez não!
O silêncio das coisas e das palavras entre nós falava muitíssimo mais.
Aquecia meu peito de maneira indefinível.
No entanto, ontem, as palavras arruinaram toda a poesia que se fez.
As palavras chacinaram meus sentidos.
As palavras invadiram o ambiente e acordaram-me de meu sonho tão juvenil...
Vejam só como são intrometidas e mesquinhas as palavras.
Agora sigo louco nesse longo caminho, 
Ávido por destruir toda e qualquer placa que contenha palavras...


Lyra Richard

Ah, se eu fosse um rio!

Às vezes eu reclamo da correria da vida.
Tudo parece tão veloz. Tão estressante...
Porém, acho que se eu fosse uma árvore eu não suportaria tanta inércia,
Tão pouco pássaros brincando em meus cabelos o tempo todo.

Se eu fosse uma estrada acho que não suportaria tantas cócegas.
Muito possivelmente provocaria acidentes de tanto me mexer.

Mas se eu fosse um rio...
Ah, se eu fosse um rio!
Aí sim acho que seria interessante.
Eu me envaideceria pelas pessoas que adorassem nadar em minhas águas.
Eu seria idolatrado por jangadeiros, lavadeiras, peixes e algas.

Em mim haveriam algumas correntes mais fortes esbofeteando pedras duras.
Haveria em mim uma queda d'água barulhenta que sopraria neblina toda madrugada,
Até às seis da manhã...

E por fim, eu me lançaria ao mar,
E viraria água salgada também...




Gleydson Góes

domingo, 1 de setembro de 2013

Filosofia palermanta-r!


Tudo que me deixa triste...

Eu amo tudo que me deixa triste: 
Canção, chuva, esquecimento, filme trite, camiseta rasgada, rock alternativo, coleção incompleta, violão, feridas, bar, noite sem lua, ligações rejeitadas, você...




Edson Arantes

domingo, 25 de agosto de 2013

Veja X Pragmatismo Político: Por que as abordagens jornalísticas sobre um único tema são TÃO diferentes?


No meu modesto ponto de vista, o Pragmatismo Político trata o tema com lucidez e IMPARCIALIDADE, resgatando fatos históricos e contextualizando a reportagem. Não exalta nem diminui. A linha editorial seguida pelo Pragmatismo Político é quase breachtiana. Quem conhece esse autor sabe do que estou falando...

Já a VEJA estampa na capa da revista: "O bando dos caras tapadas. Quem são os manifestantes do Black Bloc, que saem às ruas para quebrar tudo?".

Qualquer um consegue perceber, a partir do título da matéria, que o interesse da Veja é "pichar" a imagem de mais uma forma de manifestação política da sociedade. Obviamente que o direito de expressão deve ser horizontal e igualitário. É dizer: se os BB têm o direito de se expressarem, a Veja também o tem. No entanto, o problema é quanto um veículo de altíssimo alcance em esfera nacional, tendenciosamente molda os fatos de acordo com interesses particulares de determinados "grupos" da sociedade. Um veículo jornalístico deveria prezar pelos FATOS, e não fazer o uso de “dois pesos e duas medidas”.

Leia as duas matérias, tanto a da Veja quanto a do Pragmatismo Político, e tire suas próprias conclusões.

Não estou sendo defensor dos Black Bloc. Esse não é meu interesse com essa postagem. Ainda tenho muita pesquisa a fazer para poder formar minha opinião sobre essa filosofia de ativismo político. Minha maior preocupação é a maneira escrachada como a "grande mídia" ludibria as pessoas, o que acaba por dificultar o processo de compreensão de um assunto, e, consequentemente, de formação de opinião.

O jeito é sempre "duvidar", dá mais trabalho, mas é mais seguro... Cair na pesquisa, ver entrevistas, e diversificar a fonte.


Idioma Música



"Para se comunicar com o mundo inteiro, usa-se o idioma inglês.
Para se comunicar com as almas do mundo inteiro, usa-se o idioma MÚSICA".


sábado, 24 de agosto de 2013

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

terça-feira, 20 de agosto de 2013

As duas portas do meio

Acho que a primeira coisa que tentamos fazer foi lembrar o nome um do outro.
Confesso que não consegui tal proeza de imediato. Somente alguns minutos depois me veio seu nome à cabeça. 
Talvez depois de ter tentado várias combinações de vogais com as 9 consoantes que antecediam o "J" de "jogo", cheguei à conclusão que o "J" era de "Jailma". Isso! 
É esse seu nome!
Eu nem planejava pegar o ônibus sentido "centro". Meu destino era a Cohab. Foi engraçado. Foi rápido demais. 
Não consegui abraçá-la, nem deu tempo para "por o papo em dia"; e isso depois de tantos anos...
Ela estava sentada na parada de ônibus muito bem produzida e peteada. Portava uma bolsa pequena e alguns livros e cadernos. Acredito que voltava de alguma faculdade.
De repente as portas do meio se abriam aos poucos, enquanto eu mexia no telefone celular sentado nos degraus do coletivo onde todos já haviam se acomodado, menos eu.
Ela olhou para mim com cara de surpresa, como quem dizia "minha nossa, olha quem está ali!".Acredito que a minha cara também lhe deixou transparecer o mesmo! 
Por cerca de 3 ou 4 segundos fitamo-nos, muito possivelmente sem sabermos ao certo o que falar.
Eu pensei: "O que dizer? Bem... Não vai dar para pedir o número dela. Não daria tempo."
E em fração de segundos resolvi fazer aquela velha pergunta de pessoas que não se vêm há muito: "Você 'tá' morando onde agora?", para receber um "No mesmo lugar!", como resposta.
Daí então desceram os cerca de 3 passageiros que ficariam naquela parada onde Jailma estava. Eu me levantei, logo depois do fechar das duas portas do meio, - ainda com um sorriso no rosto e com vontade de continuar a conversa-, para tentar acompanhar com a vista seu "acenar" ao brilho de um sorriso em seus olhos tão negros...

Pena que não me lembro onde é ao certo esse "no mesmo lugar".

Kurt Spörk

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Maior do que EU

Ás vezes sinto-me maior do que meu corpo.
É como se eu não coubesse em mim mesmo.
Sei lá... É gozado. 
Sinto-me apertado numa matéria que carece de algo.
Algo dentro de mim, quem seja minh'alma, espírito, neurônios ou o conjunto disso tudo fica a ponto de explodir.
A vontade é de sair voando por aí e respirar o máximo de oxigênio possível.
A vontade é de beber a água de todas as chuvas que chovem de madrugada.
Gosto do silêncio da noite.
Na calmaria noturna eu fico calado escutando o silêncio, e admirando os astros dos Céus.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Ela cai

Gosto muito de ouvir música...
Ao acordar, na primeira oportunidade que eu tenho, ligo o som para poder ter um dia melhor.
A música é indispensável para mim, pois dialoga com a minha alma e me faz muito bem.
Hoje pela manhã havia uma pequena disputa sonora: o som do aparelho eletrônico e o som da chuva que caia tímida formando um arco-íris por detrás da colina.
Meus sentidos se aguçam quando sinto cheiro de terra molhada e o friozinho suave da chuva que desliza.
Baixei o volume de minha música para ouvir a música do Universo. O afago dos Céus sobre nossas cabeças tão cansadas de um mundo de ponta-cabeça.
A chuva é linda! 
Ela cai sobre as cabeças dos ricos e dos pobres.
Cai sobre as cabeças dos bons e dos maus.
Cai sobre os telhados de casas grandes, casas pequenas, casebres e palafitas.
Ela molha a plantação de seu Genaro, de dona Maria, de Paulo Vitor e Marcos André.
Ela molha todas as plantações, e,  em quanto molha, canta afinada na companhia dos ventos e às vezes com o grave dos trovões.

Maruto

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Subversivos, mas amigos...

É bom estar na presença deles porque me encantam...
Me encantam pelo fato de notarem o abstrato, ou pelo menos tentarem.
São amantes dos animais, das gentes e da natureza. 
Para eles, um nascer do sol é bem melhor do que um campeão de bilheteria no cinema.
Eles não se exibem com produtos high tech. Pelo contrário: em seus momentos de prosa denunciam o consumismo exacerbado e desnecessário sob qual vive nossa contemporaneidade tão ironicamente "evoluída".
Gosto deles porque se riem, e causam risos, com uso de onomatopeias ridículas, como a de um cachorro velho chapado remoendo um "uaaau, uau, uau, uau..." 
E como se riem com essa babaquice!
Eles me põem em constantes crises pois não economizam no dizer, e isso me ajuda a repensar minhas velhas ideias formadas sobre tudo.
É... Eles não são de um todo polidos. 
Etiqueta é aquilo que carregam na parte de trás da camisa. O resto é comédia.
Não se consegue ter uma conversa séria de gente grande com eles. 
São subversivos o suficiente para transformar TUDO em piada... Até a própria vida!
O que querem eles se não a liberdade para pensarem em paz?
Ouço-os gritando com toda a força da alma que estão vivos e sentindo seja lá o que for!
Emoções não são selecionáveis. Elas aparecem, os pegam de surpresa e os fazem sentir como se fossem seres humanos; demasiadamente humanos...
Ah, como são admiráveis, respeitáveis e agradáveis estes, cujos caminhos acabaram por cruzarem os meus, onde a sorte me fez chamá-los de "amigos".

Lyra Richard

terça-feira, 30 de julho de 2013

Inversões

Sei explicar não... 

Eu já fiz alguns cálculos na cabeça, mas sempre me confundo no meio da operação.
É difícil ser tão EXATO quando as maiores verdades são ditas de maneira figurativa.
É como se brincássemos de inversão de valores o tempo todo.
E de repente, Foi-se o tempo todo. 
Ah, inversões... Nunca descobrem o que é começo ou o que é fim.

terça-feira, 2 de julho de 2013

"V de Vingança" - Mais que um filme: um sonho!

Hoje finalmente consegui assistir "V de Vingança" (2005) completo, e confesso que não há palavras para expressar a alegria, esperança e fé que senti desde o começo até a última cena.

"V de Vingança" pode parecer uma utopia, no entanto, considero uma utopia a qual vale a pena entregar-se.
Além disso, é muito mais saudável do que as dramáticas novelinhas da Rede Esgoto de Televisão, que mantém a grande "massa" da população brasileira hipnotizada sob as nefastas garras desse instrumento satânico, que é uma verdadeira arma psico-social chamada TV, especialmente ligada no 13.

O filme, basicamente, faz alusão a teorias da conspiração, onde os próprios governos causam o pânico e o medo na população (no caso da trama, o Britânico), veiculando notícias drásticas sobre ameaças terroristas, tragédias naturais, viroses letais, etc, através da mídia, que é sua aliada nesse (des)serviço. Já viu esse "filme" antes?!

Com uma população completamente assustada, o governo passa então a ter total controle sobre o povo, a fim de manter a estabilidade do "sistema", tendo como alicerces o poder econômico, político, armamentista (que está contido no poder político) e religioso. Interessante... Já li muito sobre isso nos livros de história, desde a 5ª séria até hoje!

Porém, o Sr. V, - a ideia por trás da máscara -, inspirado no herói inglês que tentou explodir o parlamento inglês em 1605, Guy Fawkes, arquiteta mui inteligentemente, uma quebra total do status quo e um revolução na sociedade inglesa.

Não pretendo ater-me à questões técnicas sobre o filme, como ficha técnica, premiações, e etc. Sugiro a todos que assistam o filme completo, e, caso surja interesse, façam mais pesquisas sobre o longa-metragem.

Vamos nessa? Pipoca OK? Então... clique PLAY e bom filme!

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Como funciona o Brasil - Impostos (Ranking de Políticos)

O Ranking de Políticos compara políticos de todo o Brasil e classifica os legisladores do melhor para o pior. Sabe-se que existe uma enorme quantidade de corruptos e incompetentes na política brasileira. No entanto, se votarmos em massa nos melhores (ou menos piores), incentivaremos uma melhoria no panorama político do Brasil. O objetivo do site, criado por dois administradores de empresa, é oferecer informação para ajudar de forma objetiva as pessoas a votarem melhor.

Veja o vídeo abaixo e acesse o site. Podemos sim moralizar a política nacional!

 
Site: http://www.politicos.org.br/

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Protestos no Brasil: Especialmente para Amigos e Colegas

Todos os meus amigos e colegas sabem que eu sou, com orgulho, um palhaço.
Teço piadas inteligentes, às vezes, e muitas outras vezes piadas imbecis e bobas, mas que não afetam a vida das pessoas e ainda nos ajuda a viver com mais felicidade no dia a dia.

Depois de tentar conversar sobre os protestos no Brasil, percebi que em vez de ter feedbacks de opiniões, passei a virar piada por estar "enlouquecendo" por causa de política e protestos...

Daí passei a refletir:

Para que serve nossa interação?
Qual o motivo pelo qual temos a necessidade de trocar ideias e informações?
O que significa nosso "comunicar", e como isso pode afetar nossas vidas?

Para cada pergunta dessas existe uma resposta particular de cada um de nós.
Obviamente, todas as nossas opiniões estão diretamente relacionadas à nossos valores e cultura.

Sendo assim, um religioso tenderá a não aceitar a "descriminalização da maconha", por exemplo, mesmo havendo evidências científicas de que a erva pode ser utilizada para fins mediciais, como em casos de soropositivos. 

Mas, para não perdermos o foco, volto à questão de opinião e comunicação.
Como todos os que interagem comigo sabem, dou muito valor ao conhecimento político em geral, por motivos muito óbvios e simples:

01 - Todas as decisões politicas afetam nossas vidas diretamente.
02 - A situação atual da sociedade em que vivo me deixa triste, pois existem crianças se prostituindo nesse momento para poderem se alimentar, ou até envolvidas com o tráfico de drogas.

Esse é o motivo pelo qual reprovo o "fazer piadas" por alguém preocupar-se com o debate político, sobre a PEC 37, PEC 33, reforma política, protestos nas ruas, dentre outras manifestações, me entristece.

Quando um amigo tira um sarro de minha cara, tratado-me como se fosse um utópico extra-terreste por por estar tentando debater política, eu fico deveras muito TRISTE.

Meu interesse nesse debate não é o de tirar proveito da situação, mas sim, tentar mudar a situação.

Existe algo chamado "Engenharia Social", que é uma ferramenta antiquíssima e maliciosa utilizada por pessoas comuns, políticos, organizações e pela mídia para moldar nosso comportamento.

Um exemplo disso foi o lançamento dos celulares e serviços da "Oi" no Brasil, cuja filosofia era "não ter um Oi é estar no passado", destacando o "sem Oi" normalmente como um personagem em preto e braco ou com vestes de "matuto".
Qual foi o resultado? Vocês, muito provavelmente, sonharam com um Oi, assim como eu.

Os políticos brasileiros usurpam o dinheiro público, oriundo de nossos bolsos, pois TUDO que usamos tem a incidência de impostos, concordam? 
A carga tributária brasileira é uma das mais pesadas e confusas do mundo.

Somos o país com maior aporte de recursos hídricos do mundo, somos o 5º maior país do mundo em extensão territorial, e nossa agricultura é uma das principais bases da economia do Brasil, onde grande da produção (a melhor parte, diga-se de passagem) é exportada para países desenvolvidos, em quanto nossos irmãos nordestinos morrem de fome, 9% de nossas crianças morrem antes de completarem 1 ano de vida, e cerca de 36% dos brasieliros ainda são considerados "sem terra".

Não se sabe ao certo o que explodiu a onda de protestos no Brasil, se foi articulação da oposição para tentar manchar a imagem do PT, se foram os iluminatis, os Anonymous ou a CIA. Contudo, temos visto um Congresso, desculpe-me a expressão, com o "cu não", pois a revolta de todo o País contra os partidos polícos é evidente e gritante, onde nem a Globo,  Arnaldo Jabor, Ronaldo Fenômeno ou Pelé conseguiram calar as vozes das ruas.

Seria mesmo hora de brincarmos de piadinhas?
Será que não conseguimos enxergar o momento histórico que estamos vivendo?
Será que vale a pena seguir, apenas, como o bom profissional e estudante que bate o cartão e tentar ir para faculdade ou para casa, tendo de enfrentar um trânsito caótico, para chegar em casa com medo de ser assaltado, dormir muito tarde, acordar muito cedo no dia seguinte e nem poder comprar um IX35, como merecemos???

Minha sugestão é se informem mais sobre o que é a reforma política e o que mudaria no Brasil se ela for aprovada. O que é o voto distrital? O que porra vem a ser PEC, plebicito, referendo e por aí vai...

Por fim, tomemos muito cuidado! 
Pois quem faz piada hoje, pode continuar sendo piada amanhã.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Vem pra rua!

Se você perceber no post sobre o jogo do Brasil e Japão eu estava muito triste. Foi mais um desabafo que depois de clicar "publicar" fiquei com ele no peito e na cabeça... Será que vale a pena?

Sim. Vale a pena... Vem pra rua com a gente!


IRMÃOS DA LUA (Jessé - 1982)

Somos todos irmãos da lua,
Moramos na mesma rua,
Bebemos do mesmo copo
A mesma bebida crua.

O caminho já não é novo -
Por ele é que passa o povo.
Farinha do mesmo saco,
Galinha do mesmo ovo.

Mas nada é melhor que a água;
A Terra é mãe de todos;
O ar é que toca o homem
E o homem maneja o fogo.

E o homem possui a fala,
E a fala edifica o canto,
No canto repousa a alma,
Da alma depende a calma.

E a calma é irmã do simples,
E o simples resolve tudo,
Mas tudo na vida às vezes
Consiste em não se ter nada.

sábado, 15 de junho de 2013

Rei dos Miseráveis

Sou o rei dos miseráveis.
Trago-lhes paz e mansidão em momentos de completa confusão.
Eles me tecem belas rezas que me incomodam. 
Essa é a razão pela qual levanto-me de meu trono e vou socorrê-los!
Os miseráveis são tão engraçados, às vezes.
Costumam dar valor a coisas insignificantes e baratas demais. Que gozado!
Talvez este é o motivo pelo qual continuo como um grande sentinela esperando um pedido de socorro desses idiotas.
Esses completos bufões tecem belas rezas que me incomodam...
Esse é o motivo pelo qual eu saio do meu sacro conforto para salvá-los todos.
Pois EU sou o REI dos MISERÁVEIS!!! 

Brasil X Japão: Quem joga melhor?

Hoje, 15 de junho de 2013, saí mais cedo da pós-graduação em virtude do jogo de Brasil e Japão.
Não. Eu não decidi vir mais cedo pra casa. Foi a própria Faculdade que nos liberou. Tivemos apenas aula no primeiro horário.
Alguns colegas comentaram que em outras faculdades as aulas foram suspensas o dia todo!
O País está, agora, assistindo ao jogo de Brasil e Japão. Já marcamos dois gols. 
Mas minha pergunta é: quem de fato joga melhor? Será mesmo que estamos ganhando esse jogo?

Para não dizer que não falamos de flores, há um só lado positivo nisso, talvez: é FATO que dinheiro não falta para melhorarmos o País, nem tecnologia. Imaginemos só se os mais de 27 bilhões gastos na Copa até agora (podendo chegar à casa dos 33 bi) fossem empregados para melhoria de nosso trânsito caótico, segurança precária e educação de faxada! O Brasil mostrou (à pulso) que quando há vontade política as coisas acontecem. Tomara que nunca nos esqueçamos disso!

Veja abaixo um comparativo entre Brasil e Japão, numa reportagem do CQC:


Agora veja só como o Brasil joga "em casa":
É por isso que não tenho o menor "tesão" em torcer pelo Brasil nessa Copa. Na verdade, gostaria muito que perdêssemos em casa, pois já estamos perdidos há muito. Precisamos mudar esta zona!

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Genial entrevista com o jornalista Ricardo Boechat

É formidável como a própria Internet prova por "A mais B" que a televisão é apenas a arte do anunciador.
O que seria de nós sem meios de comunicação alternativos como a Internet?
Quem diria que o âncora de um dos telejornais mais respeitados do País, o Jornal da Band, falaria de maneira tão direta, concisa, sem papas na língua de assuntos como a corrupção no Brasil, citando de maneira desdenhosa, diga-se de passagem, que o ex presidente do Senado José Sarney "teria dinheiro escondido no rabo"?
Fiquei muito feliz por assistir esta entrevista conduzida pelo Pato com Laranja. Torno-me fã desse grande pensador, brasileiro, profissional e ser humano que é o Ricardo Boechat.
Que seu trabalho continue servindo de inspiração para mais e mais pessoas!

terça-feira, 4 de junho de 2013

A chuva quando ainda é chuvisco

Gosto de andar na chuva quando ainda é chuvisco. 
Principalmente à noite, quando o frio é naturalmente maior.
É como se os céus afagassem minha cabeça com carinho, conduzindo-me ao silêncio que se faz quando chove.
É um silêncio bonito, quebrado apenas pelo som dos calmos ventos, em dias de ventos calmos.
Gosto de sentir o chuvisco tomando corpo e ganhando força quando caminho sem pressa sob a chuva.
E, de repente, percebo-me completamente molhado.
E, de repente, percebo-me completamente ensopado de chuva e chuvisco.



Lyra Richard

Ela não tem jeito!

Ela não tem jeito: sabe que é de veras bela, e por isso desfila boçalmente como forte rajada de luz do sol a todos cegar. 
Balança os cabelos como quem nada pretende, apruma o broche que leva preso à blusa, peteia as sobrancelhas disfarçadamente com a ponta do dedo anelar da mão direita, e segue a desfilar como se fosse um “manga-larga machador” de pura raça, - jamais contando com a velhice do porvir -, com peito estufado e cheio de vida, andando com extrema altivez.
E eu, aqui de longe, finjo que em nada sou abalado! Finjo caminhar rápido e desapercebido, quando na verdade estou de olhos vidrados nessa tão formosa dama, que mais parece atrair-me como um imenso ímã que puxa avulsa pregos soltos caídos n'algum rincão. 
Ela não tem jeito! Será que consegue amar? E quem será o rico cavalheiro que a honra tem de ser seu par? 
Oh, que inveja tola! Como posso eu prestar-me a tais pensamentos?!
Continuo o meu caminhar e busco no firmamento ver o sol ou as nuvens, a fim de consolar-me sobre o fato de que há coisas no universo que foram feitas só para serem olhadas, e nada mais.



Ferdinand Personne

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Se eu morresse amanhã (Álvares de Azevedo)

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!

O poeta é um fingidor

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Fernando Pessoa

domingo, 2 de junho de 2013

Notícias

Hoje abri o jornal sem a menor vontade de ler notícias.
É muito usual em conversas com os amigos algum assunto do momento ser abordado:
Algum fato político, da ciência, questões de violências e corrupção.
Mas o que me intriga é que não importa o quanto debatamos estes assuntos, eles sempre voltam para os jornais, com outras roupagens, às vezes.
Para mim não há coisa mais maçante que debater um assunto que não morre nem evolui.
O problema da corrupção é um exemplo. Sempre fui ávido pela justiça social e devido emprego da ciência política nas vidas das pessoas.
Mas parece que ando cansado de me preocupar tanto com tudo em quanto milhares não se dão nem ao luxo de me ouvir.
Tudo bem que parece que estou entregando os pontos. Mas quem sabe isso não é passageiro?
Hoje abri o jornal sem a menor vontade de ler notícias.
Não quero ler nada. Quero ficar no meu canto escutando música ou olhando a paisagem pela janela.
Não quero estar informado na segunda-feira para debater inteligentemente fatos eternamente imutáveis.
Quero ficar em paz.

 Kurt Spörk



quarta-feira, 29 de maio de 2013

Posto em Miúdos

Como falar de amor entre nós que mal acreditamos em Deus, e pouco sabemos sobre os mistérios da humanidade e o sentido dos homens?
Para mim falamos o que vem à cabeça em momentos de prosa, dependendo do ambiente, do tempo e do que do se ingere.
Não posso negar que em muitos momentos eu vi brilho em teu olhar fraternal; assim: de adimiração e alegria por estarmos filosofando e fazendo-nos promessas.
Todavia, duvido muito que no outro dia esses pensamentos continuem os mesmos em tua cabeça.
E nada duvido que vejas em mim um vilão ou um desorientado que carece de idiologia, contrapondo, drasticamente, as primeiras impressões que, em tese, seriam sempre as que deveriam ficar...
Posto em miúdos: nada do que prometemos teremos certeza de cumprir, pois a vida é exaustivamente cíclica e inconstante, assim como nós.


 Kurt Spörk

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Bufanesca Ilha Particular

Não sei...
Juro que não sei se essa viagem foi boa, meu caro.
Na verdade minha admiração por ti sempre foi tão grande.
Fiz-me servo teu, intimamente. Atentei às tuas palavras e emudeci para pensar à respeito delas.
Mas no decorrer das horas algo não se encaixava.
O mais perverso é saber que tudo poderia ter sido uma grande ilusão da vida, que passa.

Depois do cair  do pano senti-me um forasteiro a invadir lares alheios,
E a gargalhar espalhafatosamente minhas tolices desnecessárias e repetitivas.

No limiar da madrugada eu saí portas a fora a caminhar na orla, cuja atmosfera era sombria e fria.
A neblina cegou meus olhos e foi aí que caí de cara no chão.
Minha sorte foi perceber que o chão era de areia macia, assim como teu caminhar.

Em conversa com astros que consegui enxergar, a pesar da cegueira, fiquei sabendo que em ti sentimento mesquinho brotara.
E eu, sem entender o porquê de tamanha pobreza, resolvi subir naquele bote, que à margem descansava.
Agarrei o remo e fui-me embora pra dentro do mar. Para ver se conseguia refletir um pouco.
Então sobreveio tempestade de chuvas finas e ventos cortantes.
Acordei no outro dia, acredito eu, na ilha que Poseidon e Iemanjá haviam reservado para mim,  muito possivelmente, sob forte luz do sol na cara. E ali permaneci por anos...
Aprendi a calar-me, pois os animais que me cercavam não falavam português ou outro idioma qualquer.

Nunca imaginei que minha barba cresceria tanto assim.
Além de crescer embranqueceram como meus cabelos da cabeça, e até do nariz.
Foi quando decidi não mais tentar voltar àquela orla onde o bote descansava.
Decidi atirar-me aos braços de minha ilha. Lá ergui um templo onde adorava a mim mesmo, como todos o fazem.
E assim respondia às minhas próprias rezas tão vazias quanto o simples fato de rezar.

Acho que aqui eu não espero mais nada...
A não ser o tempo passar, para voltar a ver a brisa que me cegou, e que me fez enxergar tudo isso.

Kurt Spörk