quarta-feira, 26 de junho de 2013

Protestos no Brasil: Especialmente para Amigos e Colegas

Todos os meus amigos e colegas sabem que eu sou, com orgulho, um palhaço.
Teço piadas inteligentes, às vezes, e muitas outras vezes piadas imbecis e bobas, mas que não afetam a vida das pessoas e ainda nos ajuda a viver com mais felicidade no dia a dia.

Depois de tentar conversar sobre os protestos no Brasil, percebi que em vez de ter feedbacks de opiniões, passei a virar piada por estar "enlouquecendo" por causa de política e protestos...

Daí passei a refletir:

Para que serve nossa interação?
Qual o motivo pelo qual temos a necessidade de trocar ideias e informações?
O que significa nosso "comunicar", e como isso pode afetar nossas vidas?

Para cada pergunta dessas existe uma resposta particular de cada um de nós.
Obviamente, todas as nossas opiniões estão diretamente relacionadas à nossos valores e cultura.

Sendo assim, um religioso tenderá a não aceitar a "descriminalização da maconha", por exemplo, mesmo havendo evidências científicas de que a erva pode ser utilizada para fins mediciais, como em casos de soropositivos. 

Mas, para não perdermos o foco, volto à questão de opinião e comunicação.
Como todos os que interagem comigo sabem, dou muito valor ao conhecimento político em geral, por motivos muito óbvios e simples:

01 - Todas as decisões politicas afetam nossas vidas diretamente.
02 - A situação atual da sociedade em que vivo me deixa triste, pois existem crianças se prostituindo nesse momento para poderem se alimentar, ou até envolvidas com o tráfico de drogas.

Esse é o motivo pelo qual reprovo o "fazer piadas" por alguém preocupar-se com o debate político, sobre a PEC 37, PEC 33, reforma política, protestos nas ruas, dentre outras manifestações, me entristece.

Quando um amigo tira um sarro de minha cara, tratado-me como se fosse um utópico extra-terreste por por estar tentando debater política, eu fico deveras muito TRISTE.

Meu interesse nesse debate não é o de tirar proveito da situação, mas sim, tentar mudar a situação.

Existe algo chamado "Engenharia Social", que é uma ferramenta antiquíssima e maliciosa utilizada por pessoas comuns, políticos, organizações e pela mídia para moldar nosso comportamento.

Um exemplo disso foi o lançamento dos celulares e serviços da "Oi" no Brasil, cuja filosofia era "não ter um Oi é estar no passado", destacando o "sem Oi" normalmente como um personagem em preto e braco ou com vestes de "matuto".
Qual foi o resultado? Vocês, muito provavelmente, sonharam com um Oi, assim como eu.

Os políticos brasileiros usurpam o dinheiro público, oriundo de nossos bolsos, pois TUDO que usamos tem a incidência de impostos, concordam? 
A carga tributária brasileira é uma das mais pesadas e confusas do mundo.

Somos o país com maior aporte de recursos hídricos do mundo, somos o 5º maior país do mundo em extensão territorial, e nossa agricultura é uma das principais bases da economia do Brasil, onde grande da produção (a melhor parte, diga-se de passagem) é exportada para países desenvolvidos, em quanto nossos irmãos nordestinos morrem de fome, 9% de nossas crianças morrem antes de completarem 1 ano de vida, e cerca de 36% dos brasieliros ainda são considerados "sem terra".

Não se sabe ao certo o que explodiu a onda de protestos no Brasil, se foi articulação da oposição para tentar manchar a imagem do PT, se foram os iluminatis, os Anonymous ou a CIA. Contudo, temos visto um Congresso, desculpe-me a expressão, com o "cu não", pois a revolta de todo o País contra os partidos polícos é evidente e gritante, onde nem a Globo,  Arnaldo Jabor, Ronaldo Fenômeno ou Pelé conseguiram calar as vozes das ruas.

Seria mesmo hora de brincarmos de piadinhas?
Será que não conseguimos enxergar o momento histórico que estamos vivendo?
Será que vale a pena seguir, apenas, como o bom profissional e estudante que bate o cartão e tentar ir para faculdade ou para casa, tendo de enfrentar um trânsito caótico, para chegar em casa com medo de ser assaltado, dormir muito tarde, acordar muito cedo no dia seguinte e nem poder comprar um IX35, como merecemos???

Minha sugestão é se informem mais sobre o que é a reforma política e o que mudaria no Brasil se ela for aprovada. O que é o voto distrital? O que porra vem a ser PEC, plebicito, referendo e por aí vai...

Por fim, tomemos muito cuidado! 
Pois quem faz piada hoje, pode continuar sendo piada amanhã.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Vem pra rua!

Se você perceber no post sobre o jogo do Brasil e Japão eu estava muito triste. Foi mais um desabafo que depois de clicar "publicar" fiquei com ele no peito e na cabeça... Será que vale a pena?

Sim. Vale a pena... Vem pra rua com a gente!


IRMÃOS DA LUA (Jessé - 1982)

Somos todos irmãos da lua,
Moramos na mesma rua,
Bebemos do mesmo copo
A mesma bebida crua.

O caminho já não é novo -
Por ele é que passa o povo.
Farinha do mesmo saco,
Galinha do mesmo ovo.

Mas nada é melhor que a água;
A Terra é mãe de todos;
O ar é que toca o homem
E o homem maneja o fogo.

E o homem possui a fala,
E a fala edifica o canto,
No canto repousa a alma,
Da alma depende a calma.

E a calma é irmã do simples,
E o simples resolve tudo,
Mas tudo na vida às vezes
Consiste em não se ter nada.

sábado, 15 de junho de 2013

Rei dos Miseráveis

Sou o rei dos miseráveis.
Trago-lhes paz e mansidão em momentos de completa confusão.
Eles me tecem belas rezas que me incomodam. 
Essa é a razão pela qual levanto-me de meu trono e vou socorrê-los!
Os miseráveis são tão engraçados, às vezes.
Costumam dar valor a coisas insignificantes e baratas demais. Que gozado!
Talvez este é o motivo pelo qual continuo como um grande sentinela esperando um pedido de socorro desses idiotas.
Esses completos bufões tecem belas rezas que me incomodam...
Esse é o motivo pelo qual eu saio do meu sacro conforto para salvá-los todos.
Pois EU sou o REI dos MISERÁVEIS!!! 

Brasil X Japão: Quem joga melhor?

Hoje, 15 de junho de 2013, saí mais cedo da pós-graduação em virtude do jogo de Brasil e Japão.
Não. Eu não decidi vir mais cedo pra casa. Foi a própria Faculdade que nos liberou. Tivemos apenas aula no primeiro horário.
Alguns colegas comentaram que em outras faculdades as aulas foram suspensas o dia todo!
O País está, agora, assistindo ao jogo de Brasil e Japão. Já marcamos dois gols. 
Mas minha pergunta é: quem de fato joga melhor? Será mesmo que estamos ganhando esse jogo?

Para não dizer que não falamos de flores, há um só lado positivo nisso, talvez: é FATO que dinheiro não falta para melhorarmos o País, nem tecnologia. Imaginemos só se os mais de 27 bilhões gastos na Copa até agora (podendo chegar à casa dos 33 bi) fossem empregados para melhoria de nosso trânsito caótico, segurança precária e educação de faxada! O Brasil mostrou (à pulso) que quando há vontade política as coisas acontecem. Tomara que nunca nos esqueçamos disso!

Veja abaixo um comparativo entre Brasil e Japão, numa reportagem do CQC:


Agora veja só como o Brasil joga "em casa":
É por isso que não tenho o menor "tesão" em torcer pelo Brasil nessa Copa. Na verdade, gostaria muito que perdêssemos em casa, pois já estamos perdidos há muito. Precisamos mudar esta zona!

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Genial entrevista com o jornalista Ricardo Boechat

É formidável como a própria Internet prova por "A mais B" que a televisão é apenas a arte do anunciador.
O que seria de nós sem meios de comunicação alternativos como a Internet?
Quem diria que o âncora de um dos telejornais mais respeitados do País, o Jornal da Band, falaria de maneira tão direta, concisa, sem papas na língua de assuntos como a corrupção no Brasil, citando de maneira desdenhosa, diga-se de passagem, que o ex presidente do Senado José Sarney "teria dinheiro escondido no rabo"?
Fiquei muito feliz por assistir esta entrevista conduzida pelo Pato com Laranja. Torno-me fã desse grande pensador, brasileiro, profissional e ser humano que é o Ricardo Boechat.
Que seu trabalho continue servindo de inspiração para mais e mais pessoas!

terça-feira, 4 de junho de 2013

A chuva quando ainda é chuvisco

Gosto de andar na chuva quando ainda é chuvisco. 
Principalmente à noite, quando o frio é naturalmente maior.
É como se os céus afagassem minha cabeça com carinho, conduzindo-me ao silêncio que se faz quando chove.
É um silêncio bonito, quebrado apenas pelo som dos calmos ventos, em dias de ventos calmos.
Gosto de sentir o chuvisco tomando corpo e ganhando força quando caminho sem pressa sob a chuva.
E, de repente, percebo-me completamente molhado.
E, de repente, percebo-me completamente ensopado de chuva e chuvisco.



Lyra Richard

Ela não tem jeito!

Ela não tem jeito: sabe que é de veras bela, e por isso desfila boçalmente como forte rajada de luz do sol a todos cegar. 
Balança os cabelos como quem nada pretende, apruma o broche que leva preso à blusa, peteia as sobrancelhas disfarçadamente com a ponta do dedo anelar da mão direita, e segue a desfilar como se fosse um “manga-larga machador” de pura raça, - jamais contando com a velhice do porvir -, com peito estufado e cheio de vida, andando com extrema altivez.
E eu, aqui de longe, finjo que em nada sou abalado! Finjo caminhar rápido e desapercebido, quando na verdade estou de olhos vidrados nessa tão formosa dama, que mais parece atrair-me como um imenso ímã que puxa avulsa pregos soltos caídos n'algum rincão. 
Ela não tem jeito! Será que consegue amar? E quem será o rico cavalheiro que a honra tem de ser seu par? 
Oh, que inveja tola! Como posso eu prestar-me a tais pensamentos?!
Continuo o meu caminhar e busco no firmamento ver o sol ou as nuvens, a fim de consolar-me sobre o fato de que há coisas no universo que foram feitas só para serem olhadas, e nada mais.



Ferdinand Personne

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Se eu morresse amanhã (Álvares de Azevedo)

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!

O poeta é um fingidor

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Fernando Pessoa

domingo, 2 de junho de 2013

Notícias

Hoje abri o jornal sem a menor vontade de ler notícias.
É muito usual em conversas com os amigos algum assunto do momento ser abordado:
Algum fato político, da ciência, questões de violências e corrupção.
Mas o que me intriga é que não importa o quanto debatamos estes assuntos, eles sempre voltam para os jornais, com outras roupagens, às vezes.
Para mim não há coisa mais maçante que debater um assunto que não morre nem evolui.
O problema da corrupção é um exemplo. Sempre fui ávido pela justiça social e devido emprego da ciência política nas vidas das pessoas.
Mas parece que ando cansado de me preocupar tanto com tudo em quanto milhares não se dão nem ao luxo de me ouvir.
Tudo bem que parece que estou entregando os pontos. Mas quem sabe isso não é passageiro?
Hoje abri o jornal sem a menor vontade de ler notícias.
Não quero ler nada. Quero ficar no meu canto escutando música ou olhando a paisagem pela janela.
Não quero estar informado na segunda-feira para debater inteligentemente fatos eternamente imutáveis.
Quero ficar em paz.

 Kurt Spörk