terça-feira, 20 de agosto de 2013

As duas portas do meio

Acho que a primeira coisa que tentamos fazer foi lembrar o nome um do outro.
Confesso que não consegui tal proeza de imediato. Somente alguns minutos depois me veio seu nome à cabeça. 
Talvez depois de ter tentado várias combinações de vogais com as 9 consoantes que antecediam o "J" de "jogo", cheguei à conclusão que o "J" era de "Jailma". Isso! 
É esse seu nome!
Eu nem planejava pegar o ônibus sentido "centro". Meu destino era a Cohab. Foi engraçado. Foi rápido demais. 
Não consegui abraçá-la, nem deu tempo para "por o papo em dia"; e isso depois de tantos anos...
Ela estava sentada na parada de ônibus muito bem produzida e peteada. Portava uma bolsa pequena e alguns livros e cadernos. Acredito que voltava de alguma faculdade.
De repente as portas do meio se abriam aos poucos, enquanto eu mexia no telefone celular sentado nos degraus do coletivo onde todos já haviam se acomodado, menos eu.
Ela olhou para mim com cara de surpresa, como quem dizia "minha nossa, olha quem está ali!".Acredito que a minha cara também lhe deixou transparecer o mesmo! 
Por cerca de 3 ou 4 segundos fitamo-nos, muito possivelmente sem sabermos ao certo o que falar.
Eu pensei: "O que dizer? Bem... Não vai dar para pedir o número dela. Não daria tempo."
E em fração de segundos resolvi fazer aquela velha pergunta de pessoas que não se vêm há muito: "Você 'tá' morando onde agora?", para receber um "No mesmo lugar!", como resposta.
Daí então desceram os cerca de 3 passageiros que ficariam naquela parada onde Jailma estava. Eu me levantei, logo depois do fechar das duas portas do meio, - ainda com um sorriso no rosto e com vontade de continuar a conversa-, para tentar acompanhar com a vista seu "acenar" ao brilho de um sorriso em seus olhos tão negros...

Pena que não me lembro onde é ao certo esse "no mesmo lugar".

Kurt Spörk

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